Descubra como o estresse pode afetar negativamente o sistema reprodutor feminino, desde o ciclo menstrual até a fertilidade.
Efeito bioquímico:
O estresse e os hormônios que ele estimula a produção (principalmente o cortisol) afetam todo o nosso organismo. De fato, qualquer estresse é considerado pelo cérebro como uma ameaça à nossa sobrevivência, portanto, lidar com ele é a prioridade número um. Assim, mesmo que a fonte do seu estresse não seja claramente algo que irá lhe causar a morte, o seu corpo reage da mesma forma que se estivesse sendo perseguido por uma fera selvagem prestes a devorá-lo!
Resultado: temporariamente, o cérebro “desliga” uma série de funções que não são úteis para lidar com o estresse, o que tem um impacto significativo em nosso ciclo menstrual e fertilidade.
Quando se trata do sistema reprodutor feminino, o estresse pode afetar diversos aspectos:
- Atividade dos ovários: Os hormônios do estresse, como o cortisol, interferem nos sinais enviados pelo cérebro aos ovários, prejudicando a produção de estrogênio. Isso pode resultar na inibição da produção de estrogênio, afetando o ciclo menstrual, impedindo a ovulação e prejudicando a fertilidade. Em casos extremos, pode ocorrer amenorreia, ausência de menstruação.
- Produção de progesterona: Tanto a progesterona quanto o cortisol são produzidos a partir do mesmo hormônio precursor, a pregnenolona. Em situações de estresse, o organismo prioriza a produção de cortisol em detrimento da progesterona. No entanto, a progesterona desempenha um papel crucial na fertilidade e na regulação dos sintomas pré-menstruais.
- Atividade da tireoide: O estresse estimula a produção de CRH (um precursor do cortisol) e cortisol, que, respectivamente, reduzem a produção de hormônios tireoidianos e inibem a conversão de T4 (hormônio tireoidiano inativo) em T3 (hormônio tireoidiano ativo). No entanto, os hormônios tireoidianos desempenham um papel crucial na atividade ovariana, no ciclo menstrual adequado e na fertilidade.
- Níveis de glicemia (açúcar no sangue): O cortisol estimula o aumento dos níveis de açúcar no sangue, fornecendo energia ao corpo para lidar com o estresse. No entanto, a hiperglicemia crônica pode levar à inflamação crônica, prejudicando o equilíbrio hormonal. A inflamação crônica contribui para condições como síndrome dos ovários policísticos (SOPK), amenorreia hipotalâmica, acne, hipotireoidismo, endometriose e subfertilidade.
- Digestão: O estresse interfere, ou seja, “desliga” na digestão, diminuindo a eficiência na absorção de nutrientes essenciais para o sistema reprodutor feminino. Isso pode levar a deficiências nutricionais que afetam a saúde menstrual e a fertilidade.
Em resumo, o estresse pode contribuir direta ou indiretamente para condições como síndrome pré-menstrual, hipotireoidismo, amenorreia hipotalâmica, síndrome dos ovários policísticos (SOPK), endometriose, acne e subfertilidade.